"... faltam-me as vísceras de fora quando as palavras se deixam antever. " in Memórias Internadas
20.2.12
SOM PURO - António Barahona
Sentado a esta mesa,
frente a um relógio sem ponteiros,
contemplo este momento
parado em grande plano
de som puro
Envelheço vidente e severo,
recolhido,
de tudo despojado menos
d´estar vivo.
O SOM DO SÔPRO
ANTÓNIO BARAHONA
Poesia Incompleta - 2011
16.2.12
A EQUAÇÃO DE DRAKE . MANUEL ANTÓNIO PINA
( Numa exposição de Ilda David )
Entre duas águas
( entre H e HO )
corre uma água só
transportando a equação do mundo
até ao mais fundo
sítio do coração,
onde se torna vida o mundo
e a água respiração.
Vinda do mundo,
corre para dentro a vida da pintura,
entre tempo e tempo,
líquida e pura.
Volta-se uma vez para trás,
e a única coisa que dela vês
é o seu olhar olhando-
-te e desprendendo-se de ti.
9/5/99
MANUEL ANTÓNIO PINA
NENHUMA PALAVRA
E NENHUMA LEMBRANÇA
ASSÍRIO&ALVIM
Entre duas águas
( entre H e HO )
corre uma água só
transportando a equação do mundo
até ao mais fundo
sítio do coração,
onde se torna vida o mundo
e a água respiração.
Vinda do mundo,
corre para dentro a vida da pintura,
entre tempo e tempo,
líquida e pura.
Volta-se uma vez para trás,
e a única coisa que dela vês
é o seu olhar olhando-
-te e desprendendo-se de ti.
9/5/99
MANUEL ANTÓNIO PINA
NENHUMA PALAVRA
E NENHUMA LEMBRANÇA
ASSÍRIO&ALVIM
14.2.12
7
sem promessas ou castelos
sabemos que sempre
é hoje
e a casa de pele
porosa às palavras
com língua dentro
imagens | Kitsune JOÃO PENALVA
arranjo | CRISTINA BARTLEBY
4.2.12
DÍVIDA . Carlos Nejar
A dívida aumenta.
A do país e a nossa.
Cada manhã sabemos
que se acumula dívida.
A grama que pisamos
é divida.
A casa é uma hipoteca
que a noite vai adiando.
E os juros na hora certa.
Ao fim do mês o emprego
é dívida que aumenta
com o sono. Os pesadelos.
E nós sempre mais pobres
vendemos por varejo ou menos,
o Sol, a lua, os planetas,
até os dias vincendos.
A dívida aumenta
por cálculo ou sem ele.
O acaso engendra
sua imagem no espelho
que ao reflectir é dívida.
A eternidade à venda
por dívida.
A roça da morte
em hasta pública
por dívida.
A hierarquia dos anjos
deixou o céu por dívida.
No despejo final:
Só ratos e formigas.
Antologia Poética de CARLOS NEJAR
DÍVIDA de ÁRVORE DO MUNDO - 1977
Prefácio, organização e selecção de António Osório - Pergaminho
A do país e a nossa.
Cada manhã sabemos
que se acumula dívida.
A grama que pisamos
é divida.
A casa é uma hipoteca
que a noite vai adiando.
E os juros na hora certa.
Ao fim do mês o emprego
é dívida que aumenta
com o sono. Os pesadelos.
E nós sempre mais pobres
vendemos por varejo ou menos,
o Sol, a lua, os planetas,
até os dias vincendos.
A dívida aumenta
por cálculo ou sem ele.
O acaso engendra
sua imagem no espelho
que ao reflectir é dívida.
A eternidade à venda
por dívida.
A roça da morte
em hasta pública
por dívida.
A hierarquia dos anjos
deixou o céu por dívida.
No despejo final:
Só ratos e formigas.
Antologia Poética de CARLOS NEJAR
DÍVIDA de ÁRVORE DO MUNDO - 1977
Prefácio, organização e selecção de António Osório - Pergaminho
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